domingo, 4 de dezembro de 2011

26º Filme: O Fantasma da Ópera

TÍTULO: O Fantasma da Ópera
TÍTULO ORIGINAL: The Phantom Of The Opera
ANO: 1925
DIRETOR: Rupert Julian/Lon Chaney
DURAÇÃO: 104 min (1 hora e 44 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Lon Chaney (Erik/O Fantasma)



     "O Fantasma da Ópera", baseado no livro homônimo do escritor francês Gaston Leroux, sempre foi uma de minhas histórias favoritas e confesso que estava ansioso para chegar até este filme. No entanto, a primeira adaptação do livro foi decepcionante em muitos aspectos.

     O filme conta com cenários impressionantes da Universal Pictures, como o vasto submundo da Ópera de Paris, mas deixa a desejar com atuações "vazias", sem emoção e dotadas de exagero, salvo o antagonista Erik, interpretado por Lon Chaney de forma excelente.
     A história se passa na Ópera de Paris, palco de grandes produções teatrais que atraem a elite parisiense do século XIX. Nos bastidores, surge a lenda do famoso Fantasma da Ópera que reside nos subterrâneos do teatro e que desenvolve uma fascinação pela jovem Christine Daae - interpretada pela irritante Mary Philbin. Há ainda a presença do insosso heroi Raoul, namorado de infância de Christine e que não tem função nenhuma na trama.
Lon Chaney como o Fantasma da Ópera
     Erik, a verdadeira identidade do Fantasma, é uma criatura atormentada que vive escondido na escuridão do subsolo, longe das constantes humilhações sofridas em sua infância por causa de seu rosto deformado. Erik usa uma máscara que o caracteriza como O Fantasma e é interpretado brilhantemente pelo ator e co-diretor Lon Chaney.
    Essa é considerada a mais fiel adaptação da obra de Gaston Leroux, porém, em minha opinião, é muito inferior à versão musical de Andrew Lloyd Webber de 2004, que apresenta Gerard Butler no papel do Fantasma e Minnie Driver como a pomposa Carlotta. Mesmo com a presença de Lon Chaney e dos cenários da Universal Pictures, o filme continua sendo uma obra trash. Contudo uma cena que me impressionou foi o uso de Technicolor de duas cores na cena do baile de máscaras, caracterizando a primeira cena colorida na história dos 1001 Filmes.



Baile de Máscaras: a única cena colorida do filme


Nota: 4,0

26 filmes vistos: 975 ainda pela frente...

Próximo filme: "O Encouraçado Potemkin" (1925)

domingo, 20 de novembro de 2011

25º Filme: Sete Oportunidades

TÍTULO: Sete Oportunidades
TÍTULO ORIGINAL: Seven Chances
ANO: 1925
DIRETOR: Buster Keaton
DURAÇÃO: 56 min

MELHOR ATOR/ATRIZ: Buster Keaton (James Shannon)


     Mais um hilário clássico de Buster Keaton, sempre com suas tramas simples e "odisseias cômicas" muito bem elaboradas e encenadas, dando um ritmo dinâmico nas cenas que geram risos.

     Dessa vez, Keaton interpreta um jovem rapaz sócio de uma firma prestes a falir. Milagrosamente, um tio distantete lhe deixa de herança a quantia de 7 milhões de dólares, o que significaria a salvação de sua empresa se não fosse um cláusula na herança que exiga que o herdeiro estivesse casado até as 7 horas de seu 27º aniversário. O prazo final era exatamente naquele mesmo dia e nosso protagonista deve correr atrás de uma noiva que aceite se casar com ele até as 7 horas.
     Com uma trama muito bem elaborada, "Sete Oportunidades" apresenta cenas marcantes que geram risos em toda  plateia, como a igreja abarrotada de mulheres dispostas a se casar com James, enquanto ele dorme no banco da mesma igreja, sem perceber a multidão de noivas à sua espera.
     Outra cena-chave para o humor do filme é a sequência onde Buster Keaton é perseguido por noivas ensandecidas e por uma avalanche de pedras. Novamente uma brilhante obra de Buster Keaton, digna de pertencer ao gênero comédia dos 1001 filmes. 

Nota: 9,5

25 vistos: 976 restantes..

Próximo filme: "O Fantasma da Ópera" (1925) - primeira adaptação cinematográfica do clássico de Gaston Leroux.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

24º Filme: A Última Gargalhada

TÍTULO: A Última Gargalhada
TÍTULO ORIGINAL: Der Letzte Mann
ANO: 1924
DIRETOR: F. W. Murnau
DURAÇÃO: 87 min (1 hora e 27 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Emil Jannings (o porteiro)



     "A Última Gargalhada" é o primeiro dos 1001 Filmes a ser narrado praticamente sem nenhum intertítulo que transcreva um diálogo, apenas um no começo do filme, e um epílogo informando o desfecho da história.
     Com uma trama extremamente simples, o filme é focado na vida do porteiro do Hotel Atlantic, interpretado em uma brilhante atuação por Emil Jannings. Homem respeitado pelos moradores de sua comunidade devido a seu cargo, o porteiro tem sua vida alterada quando recebe uma carta de seus superiores informando-lhe que ele seria rebaixado para um cargo inferior por causa de sua idade avançada. O porteiro, agora trabalhando como assistente de toilet, sente uma profunda vergonha de sua nova ocupação e decide ocultar sua nova realidade de sua família e amigos. Logo a verdade vem à tona e o porteiro não suporta tamanha humilhação.
     De acordo com o roteiro original do diretor F. W. Murnau, o filme terminaria de forma triste, onde o porteiro se refugia no banheiro do hotel e ali aguarda sua morte amargamente. Porém, por interferências da UFA, a história teve um segundo final: feliz e totalmente inverossímil, nas palavras do próprio Murnau. Nesse final, um magnata hospedado no hotel deixa sua herança para o pobre porteiro, que se torna um milionário gentil e simpático, em contraste com sua amargura inicial durante o filme.
Emil Jannings como o porteiro rebaixado à
ajudante de banheiro
     Em minha opinião, por se tratar de uma obra com um enredo simples, merecia um final possível, ou no mínimo crível. Confesso que estava torcendo para que a vida do protagonista sofresse uma reviravolta e tivesse um final feliz, porém não tão incoerente com a realidade.
     Destaque para a bela atuação de Emil Jannings, que incorpora o sofrimento da personagem de forma surpreendente e que viria a ser, anos depois, o primeiro ganhador de um Oscar na categoria Melhor Ator por sua participação em  "O Último Comando". 


Nota: 6,5

24 vistos: 977 ainda pela frente...

Próximo filme: "Sete Oportunidades" (1925)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

23º Filme: Sherlock Jr.


TÍTULO: Sherlock Jr.

TÍTULO ORIGINAL: Sherlock Jr.
ANO: 1924
DIRETOR: Roscoe Arbuckle/Buster Keaton
DURAÇÃO: 44 min

MELHOR ATOR/ATRIZ: Buster Keaton (Sherlock Jr.)




     Considerado o menor longa-metragem de Keaton, Sherlock Jr. é uma excelente obra, com uma trama simples mas muito bem elaborada e com efeitos óticos que maravilham o mais cético dos espectadores.
     No plano da realidade, vemos nosso protagonista - um projecionista e aspirante a detetive - que é acusado injustamente de roubar o pai de sua namorada. O verdadeiro ladrão é um outro pretendente da jovem que arma uma maneira de incriminar o pobre projecionista. No trabalho, o protagonista adormece e adentra o plano do fantasioso, onde consegue entrar em uma tela de cinema em uma fantástica sequência de efeitos visuais e se tornar Sherlock Jr - o segundo melhor detetive do mundo, cuja função é descobrir quem é o culpado pelo roubo de um colar de pérolas.
     Nessa curta obra de 44 minutos, Buster Keaton consegue divertir o espectador com sequências rápidas e acrobacias impressionantes, numa das quais ele conseguiu fraturar seu pescoço sem perceber. Trocas de cenário, expressões faciais típicas e  gags próprias de Keaton contribuem para o ar divertido e simples que suas obras proporcionam ao espectador.
     Em uma análise psicológica, "Sherlock Jr." adota uma temática mais complexa, refletindo sobre o tema do duplo, onde o protagonista busca obter sucesso no plano imaginário, uma vez que não é capaz de atingi-lo na realidade comum.
     Diverti-me muito ao assistir este filme que superou minhas expectativas. Uma obra mais cômica que "Nossa Hospitalidade" e, por sua vez, precursora de muitos efeitos especiais e situações humorísticas que abririam espaço futuramente para seus sucessores do gênero da comédia.

Nota: 9,5

23 filmes vistos: 978 pela frente...


Próximo filme: "A Última Gargalhada" (1924)

22º Filme: Ouro e Maldição

TÍTULO: Ouro e Maldição
TÍTULO ORIGINAL: Greed
ANO: 1924
DIRETOR: Erich von Stroheim
DURAÇÃO: 234 min (3 horas e 54 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Zasu Pitts (Trina Sieppe)


     Baseado no romance "McTeague" de Frank Norris, "Ouro e Maldição" é a segunda obra de Erich von Stroheim a figurar na lista dos 1001 Filmes. Ao contrário de "Esposas Ingênuas", esta narrativa apresenta uma trama muito bem elaborada, fielmente adaptada ao romance de Norris, com a bela atuação de Zasu Pitts,que interpreta a gananciosa Trina.

       A história da produção deste filme é curiosa, pois o projeto inicial do diretor era de aproximadamente 9 horas. Após a ajuda de um amigo, Stroheim conseguiu reduzir o longa para 18 rolos, ou seja 4 horas de duração. Seu resultado final foi então tirado de suas mãos e entregue a um montador que o reduziu para 140 minutos (2 horas e 20 min), o que Stroheim considerou como "uma mutilação de seu trabalho sincero pelas mãos dos executivos da MGM". Posteriormente, em 1999, um restaurador reeditou o filme para as 4 horas que Stroheim tanto queria. Essa reconstituição foi feita a partir de stills da produção original e do roteiro de filmagem de Von Stroheim.

A gananciosa Trina
       A trama gira em torno da ascenção e queda do dentista John "Mac" McTeague, que deixou sua cidadezinha mineradora para se tornar dentista em São Francisco. Lá ele conhece Marcus, seu amigo e futuro rival e Trina, por quem se apaixona. McTeague se casa com Trina e esta ganha na loteria, levando ambos à uma prosperidade plena. No entanto, a ganância sobe à cabeça de Trina que começa a poupar cada dinheiro de sua renda, enquanto McTeague tem sua licença para praticar odontologia negada, o que significa o fim de sua carreira e um desemprego que acabaria com a felicidade do casal. Trina torna-se cada vez mais gananciosa e Mac cai em uma espiral massacrante de bebedeira e violência à mulher.
         
Uma das cenas mais famosas do filme é a de Trina despejando todo seu ouro na cama e deitando-se sobre ele, seu bem mais precioso. Paralelamente ao enredo inicial, há pequenas histórias de vizinhos e conhecidos que complementam a história como humor e suspense.

A impressionante cena final de "Ouro e Maldição"
no Vale da Morte
      "Ouro e Maldição" é uma verdadeira roda da fortuna para McTeague e sua mulher, que iniciam sua vida de casal com uma estabilidade financeira mas terminam em um desfecho amargo no Vale da Morte, uma região desértica da Califórnia. 
      Particularmente, não achei um filme ruim, embora seja extenso. Devo confessar que estava meio receoso de assistir a um segundo filme de Von Stroheim depois de minha experiência com "Esposas Ingênuas", mas achei esta narrativa interessante que explora excepcionalmente a influência devastadora do capital na vida de um casal feliz. A versão a que assisti é a reconstituição de 1999,que contém sequências colorizadas, principalmente em todas as imagens que apresentam o ouro como uma reluzente preciosidade.


O ouro reluzente, colorizado na reconstituição de 1999

Nota: 8,0

22 filmes vistos: 979 ainda por vir...

Próximo filme: "Sherlock Jr." (1924), outro clássico de Buster Keaton.









segunda-feira, 14 de novembro de 2011

21º Filme: A Greve

TÍTULO: A Greve
TÍTULO ORIGINAL: Stachka
ANO: 1924
DIRETOR: Sergei M. Eisenstein
DURAÇÃO: 94 min (1 hora e 34 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: nenhum


     "A Greve" marca a entrada do revolucionário diretor Sergei Eisenstein para a história do cinema soviético. Ela introduz às telas uma filosofia marxista de estética construtivista, repleto de cenas e conflitos sociais e simbolismos visuais.
     A história se passa em um distrito industrial na Rússia onde vive uma classe de trabalhadores insatisfeitos com suas condições nas fábricas. Após o suicídio de um colega de trabalho, que foi acusado injustamente de roubo por seus patrões,  o espírito revolucionário dos operários começa a fervilhar e inicia-se um levante do proletariado contra seus patrões desonestos e gananciosos.
     O filme é dividido em 6 partes que contam o desenvolvimento da greve dos operários, desde sua insatisfação inicial a seu desfecho impactante. Nessa obra, Eisenstein cria um ambiente tenso com imagens marcantes e comparações visuais nunca antes vistas no cinema. É interessante notar que em "A Greve", não há um protagonista no qual a obra gira em torno, mas sim uma grande massa de operários e seus rivais patrões. A trama não é focada em um único indivíduo mas no proletariado como um todo.
Comparações visuais na obra. Nesse caso, a interação de
 imagens do espião "O Coruja" e de uma própria coruja
     Fiquei muito intrigado e envolvido com a obra durante as três primeiras partes e o final, porém ao chegar nas partes 4 e 5, senti que a narrativa perdeu seu fluxo lógico, ou seja, perdi-me na história durante essas 2 partes intermediárias. No entanto, gostei muito das inovações visuais criadas pelo diretor, dos efeitos especiais e das cenas impactantes que concluem a obra, como um oficial de justiça atirando uma criança inocente do alto de um prédio ou mesmo a correlação entre o massacre final da guarda montada sobre os operários e fortes cenas de animais sendo abatidos em um abatedouro. 
     

Insatisfações incitam os operários a agir
     Tudo isso contribui para a construção de uma obra que seria a primeira de uma série de filmes nunca concluídos que ilustrariam a ascensão da filosofia marxista-lenista em uma nação fragilizada por conflitos internos e externos. "A Greve" é uma obra repleta de características únicas de Eisenstein, que seriam aproveitadas posteriormente em suas subsequentes obras mais famosas, como "O Encouraçado Potemkin" e "Outubro".

Nota: 6,0

21 obras vistas. 980 pela frente...

Próximo filme: "Ouro e Maldição" (1924)
     

domingo, 13 de novembro de 2011

20º Filme: O Ladrão de Bagdá


TÍTULO: O Ladrão de Bagdá
TÍTULO ORIGINAL: The Thief of Bagdad
ANO: 1924
DIRETOR: Douglas Fairbanks
DURAÇÃO: 140 min (2 horas e 20 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Anna May Wong (escrava mongol)


  "O Ladrão de Bagdá" é sem dúvida alguma o filme mais impressionante de todos os vistos até agora em termos de cenografia. Filmado em uma locação de 6,5 acres - a maior da história de Hollywood - , Fairbanks construiu uma narrativa com efeitos especiais impressionantes para a época. Na obra, constam tapetes voadores, cavalos alados, efeitos de invisibilidade, cordas mágicas, palácios submarinos e montros míticos.
     A história se passa em Bagdá e é focada na vida do ladrão Ahmed, cujo divertimento é roubar as pessoas com seus truques e astúcia. Ahmed então se apaixona pela princesa do império, assim como ela por ele. Dá-se início então uma competição entre príncipes pela mão da jovem princesa em casamento. Cada pretendente deve partir em busca de um tesouro raro para poder conquistá-la. Ahmed, mesmo não pertencendo à realeza também entra na disputa, que marca o começo de uma magnífica odisseia na história do cinema.
     Merecem destaque ainda as impressionantes cenas com os exércitos gigantescos, precursores dos de O Senhor dos Aneis, e ainda a invasão do Império Mongol sobre a cidade de Bagdá.
    Tenho apenas uma crítica quanto ao enredo da história: se subtrairmos o figurino, a cenografia e o contexto histórico, obteremos uma história de amor entre um rapaz pobre e uma jovem princesa, algo que já se tornou muito comum e clichê na história do cinema, principalmente em Hollywood. Podemos encontrar diversos exemplos desse tipo de romance na telas nos mais variados contextos históricos e cenários.

"A felicidade deve ser merecida"


Nota: 8,5

20 filmes vistos: 981 pela frente...

Próximo filme: "A Greve" (1924)

domingo, 24 de julho de 2011

19º Filme: A Roda

TÍTULO: A Roda
TÍTULO ORIGINAL: La Roue
ANO: 1923
DIRETOR: Abel Gance
DURAÇÃO: 180 min (3 horas aproximadamente)

MELHOR ATOR/ATRIZ: nenhum

     Caros leitores, peço desculpas a todos pelo meu longo período de afastamento do blog. Não pensem que abandonei a proposta, apenas tive que me ocupar com outras de maior importância antes de retornar ao entretenimento.
     Infelizmente, meu retorno aos 1001 filmes não foi tão agradável, já que me deparei com um filme extremamente massante e dramático como "A Roda".
     A obra de Abel Gance se inicia com uma rápida sequência de imagens que retratam um acidente de trem onde uma jovem menina perde os pais e é encontrada por Sisif, um maquinista que decide adotá-la. Com o passar do tempo, Sisif e seu filho Elie começam a se apaixonar por Norma, a menina adotada 15 anos antes. Porém, a trama (sempre com um ar tenebroso) direciona o enredo pra um conflito exageradamente trágico e um desfecho com muito drama.
     Particularmente não gostei muito da estrutura da obra e muito menos de seu desenvolvimento, mas devo confessar que as referências a clássicos da literatura, misturadas às novas técnicas modernistas do filme, deram uma característica única, nunca antes vista no cinema europeu. Os conflitos de Sisif podem ser relacionados aos tormentos de Édipo (da tragédia grega Édipo Rei de Sófocles), uma vez que Sisif teme desejar uma relação incestuosa com sua filha adotiva e ainda a sua cegueira, causada por um acidente de trem. Ambos os temas, a cegueira e o incesto, são os problemas que Édipo enfrenta durante a tragédia de Sófocles. Visto que Édipo Rei é um de meus livros favoritos, não pude deixar de notar essas semelhanças com a obra.
     Outro tema que me intrigou bastante no filme foi a constante presença do elemento "roda", que admite muitos significados na trama, como por exemplo a Roda da Fortuna, que representa um equilíbrio entre sorte e azar na vida de um indivíduo. A roda também representa o trem, a modernidade, a vanguarda futurista e a roda do destino.

Nota: 2,0

19 filmes vistos. 982 pela frente..

Próximo filme: "O Ladrão de Bagdá" (1924)

sábado, 23 de julho de 2011

18ª Filme: Nossa Hospitalidade

TÍTULO: Nossa Hospitalidade
TÍTULO ORIGINAL: Our Hospitality
ANO: 1923
DIRETOR: John G. Blystone e Buster Keaton
DURAÇÃO: 74 min (1 hora e 14 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Buster Keaton (Willie McKay)


     "Nossa Hospitalidade" foi um filme rápido e agradável de assistir, de fácil entendimento e com a pitada de humor mesclada à dramatização que só Buster Keaton conseguia representar.
      O filme é composto por um prólogo que apresenta ao telespectador uma rixa entre duas famílias em 1810, os Canfield e os McKay. Cada membro das famílias jura vingança pela morte de um familiar próximo. 20 anos mais tarde, o jovem McKay descobre que tem direito à casa que pertencia a seus pais e parte em uma clássica viagem de trem, sem saber que a caçula dos Canfield está sentada ao seu lado. Ambos, sem saber da rixa entre seus antepassados, tornam-se amigos, o que pode ser perigoso para o jovem McKay.
     Com um final inesperado e cenas cômicas, Keaton constrói uma trama simples, porém divertida. Um bom filme que recomendo a todos.

     Confesso que o humor exagerado da obra não me fez dar risadas, mas se o telespectador se colocar na posição de um indivíduo da década de 20, perceberá que o filme foi hilário para a época.


Nota: 7,5

18 filmes vistos. 983 pela frente..

Próximo filme: "A Roda" (1923)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

17º Filme: Esposas Ingênuas

TÍTULO: Esposas Ingênuas
TÍTULO ORIGINAL: Foolish Wives
ANO: 1922
DIRETOR: Erich von Stroheim
DURAÇÃO: 121 min (2 horas e 21 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: nenhum



     "Esposas Ingênuas" foi o primeiro filme a ultrapassar o orçamento de US$ 1 milhão e, com certeza, foi o primeiro da lista a me deixar 100% entediado! Personagens mal representadas, gastos excessivos em cenário, trama pobre e um profundo desgosto pelo protagonista são alguns dos fatores que contribuíram para as minhas impressões da obra.
     A história se passa em Monte Carlo, onde Conde Karamzim e suas primas Olga e Vera Petchnikoff se fazem passar por membros da alta aristocracia russa para aplicar golpes financeiros em inocente mulheres casadas. A vítima do filme é a Sra. Hughes, casada com um embaixador americano em Mônaco.
Erich von Stroheim, como Conde Karamzim
     É interessante de se notar que durante a produção do filme, o ator que interpreta o embaixador morre de pneumonia. Por isso, sua personagem aparece metade do filme de costas, representada por um substituto. Porém, as cenas contém muitas falhas ao longo da obra o que lhe dá um ar de ridículo e pobre em conteúdo. Não recomendo!
     Não pude deixar de notar como o protagonista Sergius Karamzim - interpretado pelo próprio diretor - me irritava cada vez mais com passar dos minutos. Talvez fosse seu ar arrogante ou sua má atuação, mas de acordo com algumas pesquisas que fiz na internet, descobri que von Stroheim era uma pessoa difícil de lidar no set de filmagens e que ele foi o responsável pelos altos gastos com a produção.

Nota: 1,0

17 filmes vistos. 984 pela frente...

Próximo filme: "Nossa Hospitalidade" (1923)

terça-feira, 19 de julho de 2011

16º Filme: Häxan - A Feitiçaria Através dos Tempos

TÍTULO: Häxan - A Feitiçaria Através dos Tempos
TÍTULO ORIGINAL: Häxan
ANO: 1923
DIRETOR: Benjamin Christensen
DURAÇÃO: 105 min (1 hora e 45 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: nenhum


     Primeiramente, gostaria de pedr desculpas a todos que acompanham o blog por minha ausência nessas últimas semanas. Desejo apenas ressaltar que agora voltarei ao ritmo normal com minha proposta.
     Ao assistir Häxan, fiquei um tanto sem palavras para descrever a obra. Ela é um misto de documentário com terror, repleto de cenas chocantes e com uma mensagem final que nos deixa com um ponto de interrogação pairando no ar.
     O narrador (mudo) procura apresentar ao telespectador os mitos e as crenças no sobrenatural através dos tempos, desde a Antiguidade até a época da produção do filme. Por meio de encenações que mesclam o real com o fantasioso, somadas à relatos históricos e impressionantes efeitos visuais, Christensen compõe a obra que o inicia no mundo do cinema.
O demônio retratado no filme
     Häxan pode ser classificado como um gênero do terror primitvo, já que influenciou muitas obras futuras de temática sobrenatural, como O Exorcista. Nele, vemos um conflito entre o adoradores do demônio e a Igreja, que busca através da Inquisição eliminar bruxas e aqueles que realizam cultos satânicos. Portanto, vemos na obra explicações bem representadas de maldições, torturas, execuções, orgias demoníacas e etc.
     O filme é dividido em 7 capítulos, cada um contendo parte de uma história fictícia criada para retratar o demônio e seus terríveis atos, bem como a intolerância católica frente ao sobrenatural e seus métodos nada agradáveis para expurgar o mal.

     Devo confessar que levei um tempo para ver o filme, já que comecei a assistí-lo há algumas semanas mas não suportei ver mais de 20 minutos, tamanha era a monotonia. No entanto, decidi terminá-lo logo para poder prosseguir com o próximo filme e percebi que Häxan não era tão ruim quanto havia julgado ser antes. Achei uma obra com um tema muito discutido atualmente e com figurinos, maquiagens e demais efeitos visuais impressionantes para a época. Häxan desafiou o cinema convencional e talvez por isso tenha permanecido até hoje como um clássico do cinema mudo.

Nota: 7,0

16 filmes vistos. 985 pela frente ainda...

Próximo filme: Esposas Ingênuas (1922)

domingo, 3 de julho de 2011

15º Filme: Nosferatu, Uma Sinfonia do Horror


TÍTULO: Nosferatu, Uma Sinfonia do Horror
TÍTULO ORIGINAL: Nosferatu, Eine Symphonie Des Grauens
ANO: 1922
DIRETOR: F. W. Murnau
DURAÇÃO: 92 min (1 hora e 32 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Max Schreck (Conde Orlok/Nosferatu)


     Ao assistir a obra, fiquei perplexo com a habilidade que os cineastas já possuiam de realizar um verdadeiro gênero do terror em plena década de 20 e que ainda é capaz de provocar medo e tensão nos telespectadores mais céticos. Simplesmente, é um filme que merece com muita honra pertencer aos 1001 Filmes. Um dos melhores vistos até agora.

Max Schrek como Conde Orlok
     A trama se passa na cidadezinha de Wisdor, na Alemanha, onde vivem Hutter e sua amada esposa Ellen. Hutter é enviado a trabalho para o castelo do Conde Orlok, que procura uma casa para comprar na pequena cidade. Porém Hutter não imagina que seu anfitrião seja um ser incomum que demonstra um ávido interesse por sangue. O Conde mantém Hutter preso em sua torre e, à noite, persegue o pobre convidado. Em determinado momento, Orlok encontra uma fotografia de Ellen e fica obcecado por provar de seu sangue. Ele então parte rumo à cidade em busca da jovem.
     O filme é carregado de momentos aflitivos que culminam em um desfecho inusitado. Uma obra-prima do Expressionismo alemão e que merece destaque na história do cinema mundial. Creio ser este um dos filmes essenciais que um indivíduo dever assistir pelo menos uma vez na vida.
   É interessante notar que esta é a primeira obra da lista a apresentar um indício de vozes, mais precisamente a reprodução de suspiros das personagens.
     Muitos acreditam que Nosferatu seja o pai do Drácula, porém a história de Conde Orlok é apenas uma adaptação cinematográfica da própria obra "Drácula", de Bram Stoker. A diferença está nos nomes das personagens que foram modificados, já que os herdeiros do direitos autorais de "Drácula" não permitiram uma adaptação fiel para o cinema. Porém, a família de Stoker não imaginava que "Nosferatu" seria um sucesso cinematográfico milionário, capaz de influenciar centenas de outros filmes de vampiros.

O Expressionismo alemão marcante em "Nosferatu"

Nota: 9,0

15 filmes assistidos. 986 ainda por vir..

Próximo filme: "Häxan - A Feitiçaria Através dos Tempos"(1923)


14º Filme: Nanook, O Esquimó


TÍTULO: Nanook, o esquimó
TÍTULO ORIGINAL: Nanook Of The North
ANO: 1922
DIRETOR: Robert J. Flaherty
DURAÇÃO: 77 min (1 hora e 17 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: nenhum


     Um filme curto, sem enredo e essencialmente verídico define um documentário. "Nanook, O Esquimó" apresenta todas essas características ao nos apresentar Nanook e sua família, que vivem no extremo norte do Alasca. A história busca retratar o cotidiano dessa família que luta para sobreviver em uma natureza hostil, com condições climáticas esmagadoras.
     Cenas de caça, construção de iglu, navegação em mares congelados e a incessante busca por comida em uma região onde há escassez de alimentos. Ao assistir, fiquei chocado com o fato de o ser humano conseguir suprir suas necessidades com a menor quantidade de recursos da natureza: Nanook usa vegetações rasteiras como combustível para fogueiras; óleo de baleia como manteiga e um pedaço de lago congelado como janela para seu iglu.

     É interessante compreender todos os problemas pelos quais a equipe de produção passou para poder cocluir o filme. O diretor Robert Flaherty, em uma de suas expedições ao Ártico, decidiu levar sua câmera e lá passou a gravar cenas cotidianas e paisagens. Após concluir uma série de gravações, Flaherty retorna ao continente e passa a exibir suas compilações em salas privadas. Porém, uma bituca de cigarro jogada acidentalmente queima todos os 9 mil metros de negativo  da obra de Flaherty. O diretor, então, retorna ao Alasca, mas dessa vez decide ficar seu trabalho na vida da família de Nanook, o que resulta na obra atual.

     Confesso que ao descobrir que se tratava de um documentário, fiquei um tanto receoso se iria gostar ou não do filme. No entanto, achei "bonzinho". Não foi a melhor obra mas me agradou em certos momentos. O que me incomodava era o fato de estar assistindo algo que, por não possuir enredo, não teria um "Começo-Meio-Fim", mas apenas uma compilação de cenas rotineiras (que não "levam a lugar nenhum").

Nota: 6,5

14 filmes completos. 987 ainda pela frente.

Próximo filme: "Nosferatu, Uma Sinfonia do Horror" (1922) - este sim um filme sobre vampiros (ao contrário de Les Vampires)..

sábado, 2 de julho de 2011

13º Filme: Dr. Mabuse


TÍTULO: Dr. Mabuse
TÍTULO ORGINAL: Dr. Mabuse, Der Spieler
ANO: 1922
DIRETOR: Fritz Lang
DURAÇÃO: 234 min (3 horas e 54 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Rudolf Klein-Rogge (Dr. Mabuse)


     Dr. Mabuse represena um outro marco no expressionismo alemão, assim como "O Gabinete do Dr. Caligari". O filme é carregado de contrastes entre o claro e o escuro e de ambiente sombrios.
     A trama retrata uma gangue liderada pelo Dr. Mabus, um homem capaz de cometer atrocidades e que faz uso de inúmeros disfarces para esconder sua identidade.
    Na cena inicial, Dr. Mabuse ordena a seus subordinados que roubem um importante tratado comercial entre Suíça e Holanda para gerar um caos na Bolsa de Valores e enriquecer rapidamente. O vilão ainda contrata um grupo de cegos para falsificar dólares americanos, satirizando assim a desvalorização do dinheiro na época.

Rudolf Klei-Rogge (Dr. Mabuse)
     Confesso que só passei a entender o que se passava no filme depois de uma hora já decorrida. Isso porque Dr. Mabuse faz uso de tantos disfarces, que deixam o telespectador confuso quanto a "quem é quem". Com o desenrolar da história, vemos o Advogado de Estado Norbert von Wenk perseguir a gangue de Mabuse, procurando um meio de pôr o autor dos crimes na cadeia.
     
     A obra é dividida em duas (intermináveis) partes, tendo a primeira 2 horas de duração, e a segunda, 1 hora e 50 min aproximadamente. Este é o primeiro filme da trilogia Dr. Mabuse, que conta ainda com "O Testamento de Dr. Mabuse" e sua sequência "Os Mil Olhos de Dr. Mabuse".
     
     Particularmente, achei um filme tedioso e muito confuso em determinados momentos, talvez pelo fato de os atores serem muito parecidos entre si. Levei algumas noites para assistir pois vivia caindo no sono nos primeiros 15 minutos. Não me agradou muito no geral, porém houve momentos em que fiquei um tanto empolgado com o rumo da narrativa. Gostei da parte em que Dr. Mabuse, após tantos disfarces, perde a própria identidade, levando-o à loucura. Outra cena marcante foi quando Dr. Mabuse, já perdido entre tantas identidades, é obrigado pelos fantasmas de todos que morreram por sua causa a jogar baralho com eles.

     A obra mistura o fantasioso com o ridículo, com cenas de hipnotismo, sequestro e nudez (embora eu não tenha visto nenhuma). Não foi um dos meus favoritos mas sei que ainda haverá filmes melhores. Não pensem que estes recentes comentários negativos a respeito das obras representem um desapreço por filmes antigos ou um sinal de um futuro abandono da proposta. Seguirei firme com ela e continuo amando qualquer tipo de filme, sejam eles antigos ou recentes.

Nota: 4,0

13 já foram. 988 ainda pela frente.

Próximo filme: "Nanook, O Esquimó" - um documentário de 1922

terça-feira, 28 de junho de 2011

12º Filme: A Sorridente Madame Beudet


TÍTULO: A Sorridente Madame Beudet
TÍTULO ORIGINAL: La Souriante Madame Beudet
ANO: 1922
DIRETOR: Germaine Dulac
DURAÇÃO: 38 min

MELHOR ATOR/ATRIZ: nenhum


     Talvez, até agora, este tenha sido o filme mais sofrido de ser assistido. Para vocês terem uma noção da minha vintade de vê-lo, levei 3 noites para assistir um filme de 38 minutos! Isso porque a cada 10 minutos eu dormia, tamanha monotonia era a do filme.
     A trama se passa em uma pequena cidade provinciana, onde vivem a Madame Beudet e seu marido "passivo-agressivo". Ao contrário do que o título diz, Madame Beudet não é sorridente, mas sim uma mulher infeliz em um casamento tedioso. Seu marido tem variações de humor extremas, que vão de uma risada frenética a um jogo de roleta-russa com a pistola de sua mesa. Ele apenas faz isso para impressionar, porém todos sabem que não há uma única bala na arma.
     Certa noite, Madame Beudet - sozinha em casa - decide por um fim a tudo, carregando a arma por completo na esperança de que seu marido se suicide acidentalmente. No entanto, o remorso toma conta da protagonista, o que leva a história a um desfecho...decepcionante!
     Pessoalmente, não gostei do filme. Achei extremamente longo, embora tenha apenas 38 minutos de duração. Foram 38minutos do meu tempo desperdiçados em um filme do qual até me arrependi de ter gravado em DVD. Porém eu já imaginava que nem todos seriam bons e tenho certeza que filmes piores ainda estão por vir...

Nota: 0,0

12 já foram. 989 pela frente...

Próximo filme: "Dr. Mabuse" (1922)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

11º Filme: Órfãos da Tempestade

TÍTULO: Órfãos da Tempestade
TÍTULO ORGINAL: Orphans Of The Storm
ANO: 1921
DIRETOR: D. W. Griffith
DURAÇÃO: 150 min (2 horas e 30 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Lilian e Dorothy Gish

     Um outro magnífico épico do memorável diretor D. W. Griffith que situa um pequena trama fictícia m um ambiente histórico real: a Revolução Francesa.
     Henriette e Louise Girard, irmãs de criação, partem rumo a Paris, na busca por uma cura para a doença que levou Louise à perda de sua visão. Na capital, as irmãs são separadas e cada uma segue um rumo trágico, sempre desejando reecontrar a outra.
     Henriette se apaixona pelo Cavalheiro, um aristocrata que vive na corte de Luís XVI - o último rei absolutista da França antes da Revolução. A jovem (interpretada pela já conhecida Lilian Gish) inicia uma busca por sua irmã perdida, encontrando ao longo da história personagens históricas importantes, como Robespierre e Danton - líderes da Revolução Francesa.
Lilian e Dorothy Gish
     O filme é repleto de cenas que marcam a queda do Absolutismo Francês pela população liderada por Robespierre e Danton. Porém, é interessante notar que a obra expõe a tirania da corte absolutista do século XVII mas também mostra como a ascenção dos revolucionários iniciou uma anarquia na França, fortemente marcada pelo caos e pela injustiça. Portanto, pode-se afirmar que D. W. Griffith não defende nenhum dos lados, mas apenas realça as consequências de cada ideologia política.

     Merecem destaque as atuações das irmãs Gish, Lilian (já bastante conhecida por filmes anteriores) e sua irmã Dorothy, que demonstrou um talento hereditário para o cinema. Ambas interpretaram perfeitamente o drama de duas irmãs separadas por uma fatalidade e que lutam constantemente por seu reencontro.
     Gostei do filme, principalmente por ser um entretenimento agradável, um passatempo para minha primeira noite de férias..Apenas acho que o desfecho teve muita tensão (até demais), extendendo o clímax por muito tempo e deixando o "final feliz" em segundo plano. Fora isso, devo apenas dizer que este foi apenas mais uma obra que consagra o célebre D. W. Griffith, que já provou em suas obras anteriores ser um excelente cineasta ainda nos primórdios do cinema.

Nota: 8,0

11 filmes assistidos. 990 pela frente...

Próximo filme: "A Sorridente Madame Beudet" (1922)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

10º Filme: A Carruagem Fantasma


TÍTULO: A carruagem fantasma
TÍTULO ORIGINAL: Körkarlen
ANO: 1921
DIRETOR: Victor Sjöström
DURAÇÃO: 106 min (1 hora e 46 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Victor Sjöström (David Holm)


     Um dos primeiros thrillers do cinema! Inaugurando o cinema sueco, "A Carruagem Fatasma" é uma obra-prima que retrata o drama vivido por um alcoólatra autodestrutivo, que apenas se dirige amargamente aos outros, o que o tranforma em uma pessoa fria e miserável.
     David, nosso protagonista vivido pelo próprio diretor do filme, tem sérios problemas com o álcool, o que o distancia de sua mulher e filhos. Após ser libertado da prisão, descobre que sua família o abandonou. David passa a viajar por toda a Suécia à procura deles, até encontrar Irmã Edit, uma jovem moça que faz de tudo para convertê-lo em um bom cidadão.
     O filme é composto por 5 partes, sendo a segunda a minha predileta. Nela, David conta a seus companheiros a lenda da Carruagem Fantasma, onde um cocheiro da Morte tem a incumbência de coletar as almas dos que estão para morrer. De acordo com ele, a última pessoa a morrer na virada do ano terá de guiar a Carruagem por um ano. Após se envolver em uma briga, David morre e descobre da pior maneira que sua lenda pode ser real e que ele pode ser o próximo ceifador de almas. Então David passa por uma retrospectiva de sua vida e percebe o quanto as pessoas ao seu redor sofreram por sua causa.
Victor Sjöström (David Holm)
     O que mais me impressionou no filme foram as técnicas utilizadas para representar um mundo fantasmagórico, onde o real se fundo com a realidade das almas perdidas. Há uma série de sobreexposição de imagens que tornam essa separação do corpo físico e do espírito.
     Qualquer filme que mostra uma "alma" saindo de um corpo morto deve essa ideia à "A Carruagem Fatasma". Foi esse filme que inaugurou a ideia.
     O filme acima de tudo, apresenta um ar soturno, com uma música de fundo muito sombria que lhe dá um tom de "terror".

     Victor Sjöström, além de dirigir o filme, interpreta os problemas vividos por David de maneira excelente. Merece o título de melhor ator para a obra.

     Gostei muito de assistir ao filme por todos os motivos citados anteriormente. Uma excelente obra do cinema sueco, pouco conhecido pelo mundo.
David e o cocheiro

Nota:
9,0

10 filmes assistidos. 991 pela frente...




Próximo filme: "Órfãos da Tempestade" (1921) - outro filme do consagrado D. W. Griffith.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

9º Filme: Within Our Gates


TÍTULO: Dentro de nossos portões (tradução literal)
TÍTULO ORIGINAL: Within our gates
ANO: 1920
DIRETOR: Oscar Micheaux
DURAÇÃO: 77 min (1 hora e 17 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: nenhum

     Considerado o filme mais antigo a ser dirigido por um afro-americano, "Within Our Gates" explora amplamente o preconceito vivido pelos negros no início do século XX, mesmo após o fim da Guerra Civil.
     O filme narra a história de Sylvia Landry, uma jovem que após ser acusada pelo noivo de traição, muda-se para o Sul, onde se dedica a ensinar crianças negras que  não tinham condições de frequentar escolas. Porém, quando a escola ameaça falir, Sylvia retorna ao Norte em busca de doações para salvar a escola.
     Após assistir o filme, decepcionei-me um pouco, visto que mesmo o filme abordando a temática do "racismo", ele é pobre em enredo. Achei um pouco frustrante, talvez futuramente eu mude minha opinião, mas    creio que a obra apenas está na lista por ser o 1º filme de que se tem conhecimento a ser dirigido por um negro. Em determinados momentos, senti sono e tive vontade de parar, mas isso iria contra a proposta desse blog. Houve momentos em que eu me perdi e não conseguia diferenciar as personagens.

     Enfim, não está na minha lista de melhores filmes vistos, porém não foi nenhum martírio assistí-lo. Notei uma certa semelhança com "O Nascimento de Uma Nação", embora o foco no preconceito seja em um ponto de vista contrário.

Nota: 3,5

9 vistos. 992 ainda por vir...

Próximo filme: "A Carruagem Fantasma" (1921)

domingo, 12 de junho de 2011

8º Filme: Inocente Pecadora


TÍTULO: Inocente Pecadora
TÍTULO ORGINAL: Way Down East
ANO: 1920
DIRETOR: D. W. Griffith
DURAÇÃO: 145 min (2 horas e 25 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Lillian Gish


     D. W. Griffith nos surpreende novamente com um maravilhoso filme, digno de ser um dos "1001 Filmes". Cenários impressionantes, atuações marcantes e um final carregado de tensão.
      Em "Inocente Pecadora", Griffith nos apresenta a vida de Anna Moore, uma jovem ingênua que é seduzida por Lennox Sanderson, um aristocrata que diz-se apaixonado pela moça, ao ponto de pedi-la em casamento. Sanderson engana Anna com um falso casamento e a abandona, deixando-lhe um filho. Anna então passa a cuidar de seu filho doente até sua morte. Após ser expulsa da pensão onde estava, a moça se abriga na casa da família Squire, onde se apaixona pelo filho mais velho, David. Porém o passado volta a assombrar a protagonista, quando ela descobre que Sanderson é o vizinho da família Squire.
Cena da tempestade: o clímax do filme
    
     O que mais me intrigou no filme é o fato de este ser o primeiro da lista a apresentar efeitos sonoros simples, como uma batida na porta ou um prato quebrando.
     Lillian Gish mais uma vez mostra ser uma talentosa atriz, com expressões incríveis e sempre representando a "mocinha " dos épicos de Griffith.
     O filme ainda tem um momento máximo de tensão em seus minutos finais, quando a jovem - a fim de se livrar do tormento de sua vida - aventura-se em uma forte nevasca e procura morrer em um rio congelado.
     De longe o melhor filme de D. W. Griffith até agora. Não há pontos negativo ou críticas a se fazer quanto à obra. Um excelente filme, recomendado a todos os amantes de cinema. Um verdadeiro clássico.

Nota: 9,5


8 filmes vistos. 993 ainda por vir...

Próximo filme: "Within Our Gates" (1920)
   

quinta-feira, 9 de junho de 2011

7º Filme: O Gabinete do Dr. Caligari


TÍTULO: O Gabinete do Dr. Caligari
TÍTULO ORIGINAL: Das Kabinett Des Doktor Caligari (Alemanha)
ANO: 1919
DIRETOR: Robert Weine
DURAÇÃO: 71 min (1 hora e 11 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: nenhum

     "O Gabinete do Dr. Caligari" é um filme de origem alemã que narra um "tormento" vivido por Francis, o protagonista, na vila de Holstenwal. Ele conta que uma série de assassinatos começou a acontecer na região ao mesmo tempo em que um certo Dr. Caligari chega a cidade e atrai uma plateia para assistir ao seu show com um sonâmbulo.
   
     Descobre-se que o sonâmbulo Cesare - que dormia havia 23 anos - era o autor dos crimes, a mando de Caligari, o que leva Francis a iniciar uma investigação sobre a vida do doutor. Tal busca por respostas o leva a um manicômio, onde Caligari era o diretor. Francis reúne provas e consegue internar Caligari no hospício pelo resto de sua vida. A cena então retorna ao ponto inicial, com Francis contando toda a história a um visitante, porém nesse momento a história dá um reviravolta e descobre-se que, na verdade, Francis era o louco internado no mesmo manicômio e que Caligari era um homem bom. As pessoas que conviviam com Francis no manicômio serviram como personagens para a fantasia vivida pelo protagonista.

Cenário caótico de "O Gabinete do Dr. Caligari"
     Na minha opinião, achei um filme regular, um pouco complexo e com um cenário rebuscado, cheio de formas vertiginosas e com aspecto de pintado à mão. Outro fator que me incomodou no filme é o fato de esses filmes que contam uma história que se descobre no fim ser fruto de uma alucinação ou um sonho já se tornou algo muito clichê que nunca me agradou no cinema. Fora isso, posso dizer que foi um filme intrigante (talvez seja a palavra mais adequada) e apropriado para se rever posteriormente.

     Porém devo confessar que essa característica onírica do filme era inovadora para época, sendo este um marco do expressionismo alemão.

Nota: 7,0

Obs: embora não tenha me agradado muito, recomendo para quem aprecia filmes desse gênero.

7 filmes assistidos. 994 pela frente...

Próximo filme: "Inocente Pecadora" (1920) - outro filme de D. W. Griffith, marcando o início dos anos 1920

terça-feira, 7 de junho de 2011

6º Filme: Lírio Partido


TÍTULO: Lírio Patido
TÍTULO ORIGINAL: Broken Blossoms
ANO: 1919
DIRETOR: D. W. Griffith
DURAÇÃO: 89 min (1 hora e 28 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Lilian Gish (A Garota)


     "Lírio Partido" é um bom drama, curto com uma estonteante atuação de Lilian Gish que interpreta a mocinha da trama. O filme narra a relação criada entre uma jovem que é maltratada pelo pai, um boxeador, e um rapaz que veio da China para pregar as palavras de paz de Buda.

     É uma história trágica, situada na Inglaterra marcada então pelo comércio de ópio. O próprio rapaz - descrito apenas como "O Homem Amarelo" - recorre ao uso de ópio quando percebeu que nem mesmo os ensinamentos de Buda seriam suficientes para trazer a paz ao Ocidente.

Lilian Gish (Lucy Burrows)
   
     Por ser uma obra curta, assisti o filme sem muito esforço (ao contrário de "Os Vampiros") e me impressionei com a atuação de Lilian Gish, que até então não havia demonstrado um potencial para atriz. Sua personagem comove a todos e impressiona por sua excelente performance diatnte das câmeras, principalmente nas cenas de conflito com seu violento pai.



Nota: 7,8
6 filmes vistos, rumo aos próximos 995


Próximo filme: "O Gabinete do Doutor Caligari" (1919) - outro filme de curta duração...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

5º Filme: Intolerância

TÍTULO: Intolerância
TÍTULO ORIGINAL: Intolerance
ANO: 1916
DIRETOR: D. W. Griffith
DURAÇÃO: 177 min (2 horas e 57 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Constance Talmadge (Garota das Montanhas)

 De todos os filmes até agora, Intolerância supera todos. Adorei a trama repleta de momentos dramáticos e estruturada em 4 histórias independentes que se intercomunicam por um único fator em comum: a intolerância.

     A primeira das histórias se passa na época em que o filme foi feito ("A História Moderna"), onde a Queridinha e Rapaz, seu amado, tentam se manter unidos enquanto ele é acusado de um crime que não cometeu e ela luta para lidar com a ausência do pequeno filho, que lhe foi tomado dos braços.
Constance Talmadge
(Garota das Montanhas)
     A segunda trama trata da invasão dos Persas sobre o Império Babilônio. A Garota das Montanhas, apaixonada pelo rei Bellshazzar, é a responsável por alertar o Império sobre o ataque persa.
     Os milagres e a crucificação de Cristo compõem o terceiro enredo, bastante marcado pela intolerância contra Jesus e sua doutrina em ascenção.
     A quarta história é focada no massacre contra os protestantes franceses (Huguenotes) durante o Dia de São Bartolomeu, na França do século XVI. A família real francesa, católica, decide perseguir todos os huguenotes do reino. Na minha opinião é a mais violenta de todas as história, sendo este um dos primeiros filmes a retratar cenas com sangue e assassinatos à sangue frio.

     O filme me impressionou por sua simplicidade moral e complexidade nos enredos. Definitivamente, uma obra bem melhor que "O Nascimento de Uma Nação", do mesmo diretor. Na verdade, "Intolerância" foi realizado em resposta às más críticas que D. W. Griffith recebera por "O Nascimento de Uma Nação".
Império Babilônio no filme
     
     Um verdadeiro épico, com vestimentas próprias de cada época e um cenário deslumbrante.
     O filme ainda conta com a participação de Lillian Gish, a moça que balança o berço, responsável pela transição entre as histórias paralelas.


Nota: 8,0
5 filmes assistidos, 996 pela frente ainda...

Próximo filme: "Lírio Partido" (1919) -  também de D.W. Griffith...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

4º Filme: Les Vampires (1915)


TÍTULO: Os Vampiros
TÍTULO ORIGINAL: Les Vampires
ANO: 1915
DIRETOR: Louis Feuillade
DURAÇÃO: 399 min (6 horas e 40min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Musidora (Irma Vep)

 
   "Les Vampires" é longo. Extremamente longo. O filme, apesar do nome, não tem nenhuma relação com vampiros estilo Edward/Bella ou muito menos os clássicos, como Drácula de Bram Stoker.
     A história se passa em Paris, 1915, onde o repórter Phillippe Guèrande  persegue a gangue "Vampiros", responsável por diversos roubos e assassinatos. Phillippe ainda conta com a ajuda de seu amigo Mazamette nas investigações.
     O que ameniza a longa duração do filme é o fato de ele estar dividido em 10 episódios, cuja duração varia entre 15 e 60 minutos.
Musidora (Irma Vep)
     Na minha opinião, a melhor performance ao longo de toda a trama é de Musidora, atriz que interpreta a terrível Irma Vep. Irma Vep é uma espécie de "Highlander" do filme: ela sobrevive à explosão de um barco em alto mar, pega carona debaixo de um trem, escapa de um prédio desenrolando-se por uma corda ao redor de seu corpo (estilo iô-iô). Irma Vep além de "imortal" é cruel: assassinou uma bailarina, um banqueiro, um doutor, um zelador e mais meio mundo.
     Destaque ainda para a criatividade de artimanhas usadas no filme, como um anel que mata, um chapéu perfurante, uma caneta envenenada, olhos que hipnotizam qualquer um.
   

Nota: 7,5

Já foram 4. Rumo aos próximos 997...

Próximo filme: "Intolerância" (1916) - do mesmo diretor de "O Nascimento de Uma Nação"...

terça-feira, 31 de maio de 2011

3º Filme: O Nascimento de Uma Nação (1915)


TÍTULO: O nascimento de uma nação
TÍTULO ORIGINAL: The birth of a nation
ANO: 1915
DIRETOR: D. W. Griffith
DURAÇÃO: 194 min (3 horas e 14 min)

     O filme narra um momento em que os Estados Unidos se encontravam divididos entre Norte (republicanos abolicionistas) e Sul (escravocratas). Em meio a essa situação histórica, há o drama de duas famílias, os Cameron (do Sul) e os Stoneman (do Norte).
     Com o desenrolar da trama, Elsie Stoneman, filha do vice-presidente, visita a família Cameron, junto com seus irmãos. Lá, Ben Cameron se apaixona por ela, enqunto Margaret Cameron se apaixona pelo irmão mais velho de Elsie.
     Com o fim da guerra, e a ascenção dos direitos dos negros sulistas, os brancos se sentem oprimidos. Pode-se entender como uma vingança dos negros por tantos anos de submissão aos brancos. As desavenças entre brancos e negros se intensifica com o passar da história, envolvendo mortes em ambos os lados. Ben Cameron decide tomar atitudes e fundar a Ku Klux Klan, sociedade muitas vezes considerada preconceituosa por cometer atos de violência contra afro-americanos. Logo, a ordem adquire muitos seguidores, prontos para combater a opressão por parte dos negros. Vitoriosa, a KKK impede que os negros votem nas eleições, assegurando a "supremacia ariana".

Cena da Ku Klux Klan oprimindo negros
     É interessante ressaltar que o filme pode ser considerado racista, uma vez que defende a segregação racial e o ódio ao negro, dando uma característica de "heroi" à Ku Klux Klan. O filme ainda envolve cenas históricas, como a vitória do Norte sobre o Sul e o assassinato do Presidente Lincoln.

     Minhas impressões? Filme longo, difícil de engolir, monótono, um saco. Mesma lenga-lenga o filme inteiro, musiquinhas que entram na cabeça grudam na memória, fazendo você lembrá-las para sempre! Não é algo que gostaria de rever, mas valeu por ser uma experiência interessante. Já que são 1001 filmes, não espero que todos sejam bons.

Nota: 5,5

3 já foram. restam 998!

Próximo filme: "Les Vampires" (1915) - simplesmente o mais longo de todos (apenas 6 horas e 40 minutos).