domingo, 24 de julho de 2011

19º Filme: A Roda

TÍTULO: A Roda
TÍTULO ORIGINAL: La Roue
ANO: 1923
DIRETOR: Abel Gance
DURAÇÃO: 180 min (3 horas aproximadamente)

MELHOR ATOR/ATRIZ: nenhum

     Caros leitores, peço desculpas a todos pelo meu longo período de afastamento do blog. Não pensem que abandonei a proposta, apenas tive que me ocupar com outras de maior importância antes de retornar ao entretenimento.
     Infelizmente, meu retorno aos 1001 filmes não foi tão agradável, já que me deparei com um filme extremamente massante e dramático como "A Roda".
     A obra de Abel Gance se inicia com uma rápida sequência de imagens que retratam um acidente de trem onde uma jovem menina perde os pais e é encontrada por Sisif, um maquinista que decide adotá-la. Com o passar do tempo, Sisif e seu filho Elie começam a se apaixonar por Norma, a menina adotada 15 anos antes. Porém, a trama (sempre com um ar tenebroso) direciona o enredo pra um conflito exageradamente trágico e um desfecho com muito drama.
     Particularmente não gostei muito da estrutura da obra e muito menos de seu desenvolvimento, mas devo confessar que as referências a clássicos da literatura, misturadas às novas técnicas modernistas do filme, deram uma característica única, nunca antes vista no cinema europeu. Os conflitos de Sisif podem ser relacionados aos tormentos de Édipo (da tragédia grega Édipo Rei de Sófocles), uma vez que Sisif teme desejar uma relação incestuosa com sua filha adotiva e ainda a sua cegueira, causada por um acidente de trem. Ambos os temas, a cegueira e o incesto, são os problemas que Édipo enfrenta durante a tragédia de Sófocles. Visto que Édipo Rei é um de meus livros favoritos, não pude deixar de notar essas semelhanças com a obra.
     Outro tema que me intrigou bastante no filme foi a constante presença do elemento "roda", que admite muitos significados na trama, como por exemplo a Roda da Fortuna, que representa um equilíbrio entre sorte e azar na vida de um indivíduo. A roda também representa o trem, a modernidade, a vanguarda futurista e a roda do destino.

Nota: 2,0

19 filmes vistos. 982 pela frente..

Próximo filme: "O Ladrão de Bagdá" (1924)

sábado, 23 de julho de 2011

18ª Filme: Nossa Hospitalidade

TÍTULO: Nossa Hospitalidade
TÍTULO ORIGINAL: Our Hospitality
ANO: 1923
DIRETOR: John G. Blystone e Buster Keaton
DURAÇÃO: 74 min (1 hora e 14 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Buster Keaton (Willie McKay)


     "Nossa Hospitalidade" foi um filme rápido e agradável de assistir, de fácil entendimento e com a pitada de humor mesclada à dramatização que só Buster Keaton conseguia representar.
      O filme é composto por um prólogo que apresenta ao telespectador uma rixa entre duas famílias em 1810, os Canfield e os McKay. Cada membro das famílias jura vingança pela morte de um familiar próximo. 20 anos mais tarde, o jovem McKay descobre que tem direito à casa que pertencia a seus pais e parte em uma clássica viagem de trem, sem saber que a caçula dos Canfield está sentada ao seu lado. Ambos, sem saber da rixa entre seus antepassados, tornam-se amigos, o que pode ser perigoso para o jovem McKay.
     Com um final inesperado e cenas cômicas, Keaton constrói uma trama simples, porém divertida. Um bom filme que recomendo a todos.

     Confesso que o humor exagerado da obra não me fez dar risadas, mas se o telespectador se colocar na posição de um indivíduo da década de 20, perceberá que o filme foi hilário para a época.


Nota: 7,5

18 filmes vistos. 983 pela frente..

Próximo filme: "A Roda" (1923)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

17º Filme: Esposas Ingênuas

TÍTULO: Esposas Ingênuas
TÍTULO ORIGINAL: Foolish Wives
ANO: 1922
DIRETOR: Erich von Stroheim
DURAÇÃO: 121 min (2 horas e 21 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: nenhum



     "Esposas Ingênuas" foi o primeiro filme a ultrapassar o orçamento de US$ 1 milhão e, com certeza, foi o primeiro da lista a me deixar 100% entediado! Personagens mal representadas, gastos excessivos em cenário, trama pobre e um profundo desgosto pelo protagonista são alguns dos fatores que contribuíram para as minhas impressões da obra.
     A história se passa em Monte Carlo, onde Conde Karamzim e suas primas Olga e Vera Petchnikoff se fazem passar por membros da alta aristocracia russa para aplicar golpes financeiros em inocente mulheres casadas. A vítima do filme é a Sra. Hughes, casada com um embaixador americano em Mônaco.
Erich von Stroheim, como Conde Karamzim
     É interessante de se notar que durante a produção do filme, o ator que interpreta o embaixador morre de pneumonia. Por isso, sua personagem aparece metade do filme de costas, representada por um substituto. Porém, as cenas contém muitas falhas ao longo da obra o que lhe dá um ar de ridículo e pobre em conteúdo. Não recomendo!
     Não pude deixar de notar como o protagonista Sergius Karamzim - interpretado pelo próprio diretor - me irritava cada vez mais com passar dos minutos. Talvez fosse seu ar arrogante ou sua má atuação, mas de acordo com algumas pesquisas que fiz na internet, descobri que von Stroheim era uma pessoa difícil de lidar no set de filmagens e que ele foi o responsável pelos altos gastos com a produção.

Nota: 1,0

17 filmes vistos. 984 pela frente...

Próximo filme: "Nossa Hospitalidade" (1923)

terça-feira, 19 de julho de 2011

16º Filme: Häxan - A Feitiçaria Através dos Tempos

TÍTULO: Häxan - A Feitiçaria Através dos Tempos
TÍTULO ORIGINAL: Häxan
ANO: 1923
DIRETOR: Benjamin Christensen
DURAÇÃO: 105 min (1 hora e 45 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: nenhum


     Primeiramente, gostaria de pedr desculpas a todos que acompanham o blog por minha ausência nessas últimas semanas. Desejo apenas ressaltar que agora voltarei ao ritmo normal com minha proposta.
     Ao assistir Häxan, fiquei um tanto sem palavras para descrever a obra. Ela é um misto de documentário com terror, repleto de cenas chocantes e com uma mensagem final que nos deixa com um ponto de interrogação pairando no ar.
     O narrador (mudo) procura apresentar ao telespectador os mitos e as crenças no sobrenatural através dos tempos, desde a Antiguidade até a época da produção do filme. Por meio de encenações que mesclam o real com o fantasioso, somadas à relatos históricos e impressionantes efeitos visuais, Christensen compõe a obra que o inicia no mundo do cinema.
O demônio retratado no filme
     Häxan pode ser classificado como um gênero do terror primitvo, já que influenciou muitas obras futuras de temática sobrenatural, como O Exorcista. Nele, vemos um conflito entre o adoradores do demônio e a Igreja, que busca através da Inquisição eliminar bruxas e aqueles que realizam cultos satânicos. Portanto, vemos na obra explicações bem representadas de maldições, torturas, execuções, orgias demoníacas e etc.
     O filme é dividido em 7 capítulos, cada um contendo parte de uma história fictícia criada para retratar o demônio e seus terríveis atos, bem como a intolerância católica frente ao sobrenatural e seus métodos nada agradáveis para expurgar o mal.

     Devo confessar que levei um tempo para ver o filme, já que comecei a assistí-lo há algumas semanas mas não suportei ver mais de 20 minutos, tamanha era a monotonia. No entanto, decidi terminá-lo logo para poder prosseguir com o próximo filme e percebi que Häxan não era tão ruim quanto havia julgado ser antes. Achei uma obra com um tema muito discutido atualmente e com figurinos, maquiagens e demais efeitos visuais impressionantes para a época. Häxan desafiou o cinema convencional e talvez por isso tenha permanecido até hoje como um clássico do cinema mudo.

Nota: 7,0

16 filmes vistos. 985 pela frente ainda...

Próximo filme: Esposas Ingênuas (1922)

domingo, 3 de julho de 2011

15º Filme: Nosferatu, Uma Sinfonia do Horror


TÍTULO: Nosferatu, Uma Sinfonia do Horror
TÍTULO ORIGINAL: Nosferatu, Eine Symphonie Des Grauens
ANO: 1922
DIRETOR: F. W. Murnau
DURAÇÃO: 92 min (1 hora e 32 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Max Schreck (Conde Orlok/Nosferatu)


     Ao assistir a obra, fiquei perplexo com a habilidade que os cineastas já possuiam de realizar um verdadeiro gênero do terror em plena década de 20 e que ainda é capaz de provocar medo e tensão nos telespectadores mais céticos. Simplesmente, é um filme que merece com muita honra pertencer aos 1001 Filmes. Um dos melhores vistos até agora.

Max Schrek como Conde Orlok
     A trama se passa na cidadezinha de Wisdor, na Alemanha, onde vivem Hutter e sua amada esposa Ellen. Hutter é enviado a trabalho para o castelo do Conde Orlok, que procura uma casa para comprar na pequena cidade. Porém Hutter não imagina que seu anfitrião seja um ser incomum que demonstra um ávido interesse por sangue. O Conde mantém Hutter preso em sua torre e, à noite, persegue o pobre convidado. Em determinado momento, Orlok encontra uma fotografia de Ellen e fica obcecado por provar de seu sangue. Ele então parte rumo à cidade em busca da jovem.
     O filme é carregado de momentos aflitivos que culminam em um desfecho inusitado. Uma obra-prima do Expressionismo alemão e que merece destaque na história do cinema mundial. Creio ser este um dos filmes essenciais que um indivíduo dever assistir pelo menos uma vez na vida.
   É interessante notar que esta é a primeira obra da lista a apresentar um indício de vozes, mais precisamente a reprodução de suspiros das personagens.
     Muitos acreditam que Nosferatu seja o pai do Drácula, porém a história de Conde Orlok é apenas uma adaptação cinematográfica da própria obra "Drácula", de Bram Stoker. A diferença está nos nomes das personagens que foram modificados, já que os herdeiros do direitos autorais de "Drácula" não permitiram uma adaptação fiel para o cinema. Porém, a família de Stoker não imaginava que "Nosferatu" seria um sucesso cinematográfico milionário, capaz de influenciar centenas de outros filmes de vampiros.

O Expressionismo alemão marcante em "Nosferatu"

Nota: 9,0

15 filmes assistidos. 986 ainda por vir..

Próximo filme: "Häxan - A Feitiçaria Através dos Tempos"(1923)


14º Filme: Nanook, O Esquimó


TÍTULO: Nanook, o esquimó
TÍTULO ORIGINAL: Nanook Of The North
ANO: 1922
DIRETOR: Robert J. Flaherty
DURAÇÃO: 77 min (1 hora e 17 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: nenhum


     Um filme curto, sem enredo e essencialmente verídico define um documentário. "Nanook, O Esquimó" apresenta todas essas características ao nos apresentar Nanook e sua família, que vivem no extremo norte do Alasca. A história busca retratar o cotidiano dessa família que luta para sobreviver em uma natureza hostil, com condições climáticas esmagadoras.
     Cenas de caça, construção de iglu, navegação em mares congelados e a incessante busca por comida em uma região onde há escassez de alimentos. Ao assistir, fiquei chocado com o fato de o ser humano conseguir suprir suas necessidades com a menor quantidade de recursos da natureza: Nanook usa vegetações rasteiras como combustível para fogueiras; óleo de baleia como manteiga e um pedaço de lago congelado como janela para seu iglu.

     É interessante compreender todos os problemas pelos quais a equipe de produção passou para poder cocluir o filme. O diretor Robert Flaherty, em uma de suas expedições ao Ártico, decidiu levar sua câmera e lá passou a gravar cenas cotidianas e paisagens. Após concluir uma série de gravações, Flaherty retorna ao continente e passa a exibir suas compilações em salas privadas. Porém, uma bituca de cigarro jogada acidentalmente queima todos os 9 mil metros de negativo  da obra de Flaherty. O diretor, então, retorna ao Alasca, mas dessa vez decide ficar seu trabalho na vida da família de Nanook, o que resulta na obra atual.

     Confesso que ao descobrir que se tratava de um documentário, fiquei um tanto receoso se iria gostar ou não do filme. No entanto, achei "bonzinho". Não foi a melhor obra mas me agradou em certos momentos. O que me incomodava era o fato de estar assistindo algo que, por não possuir enredo, não teria um "Começo-Meio-Fim", mas apenas uma compilação de cenas rotineiras (que não "levam a lugar nenhum").

Nota: 6,5

14 filmes completos. 987 ainda pela frente.

Próximo filme: "Nosferatu, Uma Sinfonia do Horror" (1922) - este sim um filme sobre vampiros (ao contrário de Les Vampires)..

sábado, 2 de julho de 2011

13º Filme: Dr. Mabuse


TÍTULO: Dr. Mabuse
TÍTULO ORGINAL: Dr. Mabuse, Der Spieler
ANO: 1922
DIRETOR: Fritz Lang
DURAÇÃO: 234 min (3 horas e 54 min)

MELHOR ATOR/ATRIZ: Rudolf Klein-Rogge (Dr. Mabuse)


     Dr. Mabuse represena um outro marco no expressionismo alemão, assim como "O Gabinete do Dr. Caligari". O filme é carregado de contrastes entre o claro e o escuro e de ambiente sombrios.
     A trama retrata uma gangue liderada pelo Dr. Mabus, um homem capaz de cometer atrocidades e que faz uso de inúmeros disfarces para esconder sua identidade.
    Na cena inicial, Dr. Mabuse ordena a seus subordinados que roubem um importante tratado comercial entre Suíça e Holanda para gerar um caos na Bolsa de Valores e enriquecer rapidamente. O vilão ainda contrata um grupo de cegos para falsificar dólares americanos, satirizando assim a desvalorização do dinheiro na época.

Rudolf Klei-Rogge (Dr. Mabuse)
     Confesso que só passei a entender o que se passava no filme depois de uma hora já decorrida. Isso porque Dr. Mabuse faz uso de tantos disfarces, que deixam o telespectador confuso quanto a "quem é quem". Com o desenrolar da história, vemos o Advogado de Estado Norbert von Wenk perseguir a gangue de Mabuse, procurando um meio de pôr o autor dos crimes na cadeia.
     
     A obra é dividida em duas (intermináveis) partes, tendo a primeira 2 horas de duração, e a segunda, 1 hora e 50 min aproximadamente. Este é o primeiro filme da trilogia Dr. Mabuse, que conta ainda com "O Testamento de Dr. Mabuse" e sua sequência "Os Mil Olhos de Dr. Mabuse".
     
     Particularmente, achei um filme tedioso e muito confuso em determinados momentos, talvez pelo fato de os atores serem muito parecidos entre si. Levei algumas noites para assistir pois vivia caindo no sono nos primeiros 15 minutos. Não me agradou muito no geral, porém houve momentos em que fiquei um tanto empolgado com o rumo da narrativa. Gostei da parte em que Dr. Mabuse, após tantos disfarces, perde a própria identidade, levando-o à loucura. Outra cena marcante foi quando Dr. Mabuse, já perdido entre tantas identidades, é obrigado pelos fantasmas de todos que morreram por sua causa a jogar baralho com eles.

     A obra mistura o fantasioso com o ridículo, com cenas de hipnotismo, sequestro e nudez (embora eu não tenha visto nenhuma). Não foi um dos meus favoritos mas sei que ainda haverá filmes melhores. Não pensem que estes recentes comentários negativos a respeito das obras representem um desapreço por filmes antigos ou um sinal de um futuro abandono da proposta. Seguirei firme com ela e continuo amando qualquer tipo de filme, sejam eles antigos ou recentes.

Nota: 4,0

13 já foram. 988 ainda pela frente.

Próximo filme: "Nanook, O Esquimó" - um documentário de 1922